
Quando uma sentença judicial consegue ser, ao mesmo tempo, bárbara, dramática, injusta, piada e ensandecida (veja o vídeo)
07/06/2025 às 21:25 Ler na área do
Se um dia alguém for julgar a juíza Barbara de Lima Iseppi, titular da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, por causa de sua bárbara (sem trocadilhos, por favor) sentença em desfavor do humorista Léo Lins, que use a mesma régua que ela usou na condenação.
Afinal, ela cometeu, no mínimo, o crime de incitação ao ódio. Repito, no mínimo! O que ela fez, pode levar milhões de pessoas, talvez uma geração inteira, à agressão, à violência, contra a classe artística, em especial aos humoristas, ou não? Quem se sentir ofendido com uma simples piada, poderá, conforme o grau de sua estupidez, se achar no direito, literalmente, de “sentenciar” seu eventual algoz.
Sua absurda decisão, que a nós, aí também, soa como piada, mas que só faz rir, apoiando a ideia, gente degenerada ideológica e moralmente como o ator Pedro Cardoso, que um dia fez do gesto de Hitl** uma piada, em um episódio do humorístico A Grande Família. Será que podemos ajuizar uma ação contra esta cena e seu performista, retroagindo no tempo da mesma maneira que ela fez com Lins, uma vez que embasou sua decisão numa lei de 2023 (a tal Lei Anti Piadas), e o fato julgado foi em 2022? Dentro da lógica da meritíssima, uma vez que tal cena saiu do estúdio de gravação e entrou na minha casa, e na casa de milhões de pessoas, e despindo-se do texto, edição, cenário e figurino, tal qual aludiu a juíza, o personagem Agostinho também não se torna o cidadão Pedro Cardoso?
Dispensável ler o teor da sentença, uma vez que tudo está resumido nas condenações de privação de liberdade e econômica impostas pela Barbara Iseppi.
Ao brasileiro que valoriza a liberdade, a sentença é uma ofensa, e tal qual se viu no próprio julgamento, pessoas que fazem parte da minoria “defendida” pela juíza, por ela foi desprezada. No mérito, a juíza, entendo, terá que se explicar, quando, se lá frente , o processo chegar ao STF. Naquela corte, pelas mãos do ministro André Mendonça, o próprio Léo Lins foi favorecido por uma decisão que derrubou restrições impostas contra ele pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - TJSP.
No fim, a sentença da juíza Barbara de Lima Iseppi, acabou por trazer uma avalanche de críticas, com inúmeras formas de manifestações. De gente comum, a celebridades, de amigos e outros nem tanto, é uníssono a crítica. O consenso veio como um furacão para cima do que entendemos como censura!
Uma bem interessante, que por coincidência, no mesmo dia, a justiça brasileira livrou da cadeia um sujeito, MC Poze do Rodo, com diversas acusações, muitas ligadas até ao tráfico, e por se tratar de um rapper, alguém sugeriu: “Léo Lins, conte suas piadas, daqui pra frente, num formato musical de FUNK”. Talvez assim, não vão incomodar mais. Os funkeiros, incluindo-se aí o parceiro do Poze, o filho do traficante Marcinho VP, MC Oruam, cantam funk com letras escandalosamente voltadas à apologias ao crime.
Há muito a dizer, mas, vou ficar por aqui, dedicando minha solidariedade ao Léo Lins. Ao assistir seu pronunciamento, após a condenação (assista abaixo), Lins me emocionou, rendendo meu respeito e iração a ele.
Mais do que valorizar suas palavras, vi nele altivez, equilíbrio, coragem e sensatez. Não se apresentou revoltado, muito menos exaltado. Léo Lins traduziu ali, naqueles 12 minutos do vídeo, o pensamento de muitos brasileiros com os acontecimentos que recaem sobre todos (até aos que nem entendem isso).
Léo Lins não ofende seu carrasco, não desmerece a justiça, mas, principalmente, transmite firmeza e fé de quem tem a verdade, a consciência e o profissionalismo, ao seu lado.
Fiquei impressionado!
Parabéns por sua lucidez!
Assista:
Alexandre Siqueira
Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um o do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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